Três poemas

Written in Portuguese by Edimilson de Almeida Pereira

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MAIO

1/ CORTEJO DE BUSCA

Reis e rainhas se erguem
para o tempo adiado.

O nome fundo na terra
os corpos dentro da vida.

As guardas resgatam
os poros esquecidos.

2/ OS ESCRAVOS

Os meninos cansados
no começo.

Os velhos com os brincos
mais pesados que os ossos.

Os moços com os dias
mais curtos que o fôlego.

As mulheres com os olhos
perdidos na lua.

(Os negros de cabeças
aviadas no ar).

3/ A PENA

A princesa assinou
com medo as linhas.

Palavras dizem muito
mas nunca dizem tudo.

O papel bordado em ouro
fala a língua de pouco.

A vida é maior que a letra
junta os ossos na margem.

4/ MISSA CONGA

Para que deuses se reza
quando o corpo aprendeu
toda linguagem do mundo?

Onde se deitam os olhos
quando o altar dos antigos
ainda se esconde?

Para que deuses se reza
quando as palavras se velam
para invocar os nomes?

Por que não entregar a vida
ao deus com olhos de plumas
que vive no fundo dos tempos?

5/ CORTEJO DE ENCONTRO

As guardas no escuro
as mãos se conhecem.

Os reis e rainhas
com as coroas no céu.

(A lida prepara
os destemidos).

Os corpos vão suados
os dentes muito amigos.

 

ANTEPASSADOS

Virão alguns com cílios
outros com suas barbas.
Saídos dos cantos sagrados
trarão o tempo à mesa.

Zambi, ô Zambi!
Olhos do rosário!
No terreiro bastões se cruzam

Os Arturos entram no meio.
os segredos chamam seus homens.
As feridas falam à sombra
os antigos trazem notícias.

Em torno da mesa os Arturos.

 

ÁRVORE DE ARTHUR CAMILO

1/ TRONCO

Meu pai se chamou Camilo
na chuva dos dias quebrados
conheceu minha mãe Felisbina.

Minha mãe não sei de onde veio
sua vida permaneceu comigo
o riso mais tarde é que veio.

Meu pai se chama Camilo
e na sombra dos dias perdidos
encontrou minha mãe Felisbina.

2/ COMPANHEIRA

Carmelinda da Bela Vista
dançarei por você no Congo.
Carmelinda da Bela Vista
serei moçambiqueiro
o rosário inteiro nas mãos.

Gira caixa, Congo
Gira gunga, Maçambique

Carmelinda da Bela Vista
cruzarei porteira de frente.
Carmelinda da Bela Vista
passarei ponte de noite
para ver você dormir.

Carmelinda da Bela Vista
levarei candombeiros.
Carmelinda da Bela Vista
as guardas a estão buscando
com olhos de meu coração.

3/ ARTUROS

Viverei até quando.
Os vassalos seguram o Congado
o tempo responde por todos.

Viverei até quando.
Peço aos meninos: não saiam
guardem os ossos no canto.

Viverei até quando.
Deixo o siso na memória
o grito no chitacongo.

 

Published December 29, 2018
© Edimilson de Almeida Pereira

Tre poesie

Written in Portuguese by Edimilson de Almeida Pereira


Translated into Italian by Prisca Agustoni

MAGGIO

1/ CORTEO DI RICERCA

Re e regine si erigono
per il tempo rinviato.

Il nome profondo nella terra
i corpi ben dentro la vita.

Le guardie recuperano
i pori dimenticati.

2/ GLI SCHIAVI

I bambini stanchi
all’inizio.

I vecchi con gli orecchini
più pesanti delle ossa.

I ragazzi con i giorni
più corti del fiato.

Le donne con gli occhi
persi nella luna.

(I neri con la testa
sull’attenti).

3/ LA PENA

La principessa ha firmato
le linee con paura.

Le parole dicono molto
ma non dicono mai tutto.

Il foglio ricamato a oro
parla la lingua di pochi.

La vita supera la lettera
riunisce le ossa al margine.

4/ MESSA CONGA

Per quali dei si prega
quando il corpo ha imparato
ogni linguaggio del mondo?

Dove si coricano gli occhi
quando l’altare degli antichi
continua nascosto?

Per quali dei si prega
quando le parole si velano
per invocare i nomi?

Perché non dare la vita
al dio con occhi di piuma
che vive sul fondo dei tempi?

5/ CORTEO D’INCONTRO

Le guardie nell’oscurità
le mani si conoscono.

I re e le regine
con le corone nel cielo.

(La contesa prepara
gli intrepidi).

I corpi avanzano sudati
i denti molto amici.

 

GLI ANTENATI

Alcuni verranno con ciglia
altri con le loro barbe.
Usciti dagli angoli sacri
condurranno a tavola il tempo.

Zambi, oh Zambi!
Occhi del rosario!
Nel terreno s’incrociano i bastoni

Gli Arturos entrarono in mezzo.
i segreti chiamano i loro uomini.
Le ferite parlano con l’ombra
gli antichi portano notizie.

 

L’ALBERO DI ARTURO CAMILO

1/ TRONCO

Mio padre si chiamava Camilo
nella pioggia dei giorni rovinati
ha conosciuto mia madre Felisbina.

Mia madre non so da dove veniva
la sua vita rimase con me
più tardi giunse il suo sorriso.

Mio padre si chiama Camilo
e all’ombra dei giorni persi
incontrò mia madre Felisbina.
2/ COMPAGNA

Carmelinda di Bela Vista
ballerò per te nel Congo.
Carmelinda de Bela Vista
sarò moçambiqueiro Gira cassa, Congo
l’intero rosario tra le mani. Gira gunga, Mozambico

Carmelinda di Bela Vista
incrocerò la porta sguarnito.
Carmelinda di Bela Vista
passerò sul ponte di notte
per vederti dormire.

Carmelinda di Bela Vista
porterò con me candombeiros.
Carmelinda di Bela Vista
le guardie ti stanno cercando
con gli occhi del mio cuore.
3/ GLI ARTUROS

Vivrò fino a quando.
I vassalli assicurano il Congado
il tempo risponde per tutti.

Vivrò fino a quando.
Chiedo ai bambini: non uscite
tenete le ossa per il canto.

Vivrò fino a quando.
Lascio il giudizio nella memoria
il grido nel chitacongo.

Published December 29, 2018
© Edimilson de Almeida Pereira
© Prisca Agustoni 2008, 2009


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